Padrões de construção morfológica dos sobrenomes em Portugal

Název: Padrões de construção morfológica dos sobrenomes em Portugal
Variantní název:
  • Morphological construction patterns of surnames in Portugal
Zdrojový dokument: Études romanes de Brno. 2024, roč. 45, č. 2, s. 179-197
Rozsah
179-197
  • ISSN
    2336-4416 (online)
Type: Článek
Jazyk
Přístupová práva
otevřený přístup
 

Upozornění: Tyto citace jsou generovány automaticky. Nemusí být zcela správně podle citačních pravidel.

Abstrakt(y)
O presente texto propõe-se descrever os padrões genolexicais mais representados na construção antroponímica dos sobrenomes do Português Europeu Moderno (PE), colmatando a lacuna existente neste domínio da formação lexical. Torna-se desta forma possível complementar o conhecimento disponível sobre os sobrenomes portugueses no período medieval (Soledade 2012) e sobre a evolução da configuração dos nomes de família ao longo dos tempos, na história do português europeu (Vasconcellos 1928, Monteiro 2008, Silvestre 2021) e na do português do Brasil (Rodrigues 2016; Simões Neto & Soledade 2018). Após uma breve apresentação do enquadramento teórico-metodológico que preside à presente reflexão (secção 1.), descrevem-se os esquemas configuracionais nos quais os sobrenomes portugueses se inserem (secção 2.) e as temáticas neles mais salientes (secção 3.). Os padrões morfológicos de construção dos sobrenomes no português europeu, nomeadamente os que envolvem derivação, composição, pluralização, e sufixação de matriz patronímica são descritos na secção 4. Na secção final apresentam-se as conclusões. A análise dos dados empíricos (recolhidos na base de dados https://nosportugueses.pt/pt/apelidos/a, acessível online, e ainda atestados no século XX) revela que não há dissociação entre os padrões genolexicais de construção de sobrenomes e os da língua comum, na derivação como na composição. Os recursos afixais mais recrutados são os que melhor codificam as motivações temático-conceptuais que presidem à construção dos sobrenomes, seja no domínio da avaliação sufixal, seja no dos sufixos de 'relação'.
The present text aims to describe the genolexical patterns most represented in the anthroponymic construction of surnames in Modern European Portuguese (PE), filling the gap in this domain of lexical formation. In this way, it becomes possible to complement the remarkable knowledge available about Portuguese surnames in the medieval period (Soledade 2012) and about the configuration of family names over time, whether in the history of the European Portuguese (Vasconcellos 1928, Monteiro 2008, Silvestre 2021) or in that of the Brazilian Portuguese (Rodrigues 2016; Simões Neto & Soledade, 2018). After a brief presentation of the theoretical-methodological framework that holds this research (section 1.), section 2 displays the configurational schemes in which Portuguese surnames are inserted and section 3. is devoted to their most salient themes. The morphological patterns of European Portuguese surname's construction, namely those involving derivation, composition, pluralization, and (de)patronymic suffixation, are described in section 4. The conclusions are presented in the final section. The analysis of empirical data (collected in https://nosportugueses.pt/pt/apelidos/, a specific database accessible online), still documented in the XX Century, reveals that there is no dissociation between the genolexical patterns of surname construction and those of the common language, in derivation as well as in composition. The most recruited affix resources are those that best codify the thematic-conceptual motivations that govern the construction of surnames, namely in the domain of suffix evaluation or in that of "relation" suffixes.
Reference
[1] Anderson, J. M. (2007). Onomastics. In J. Anderson (Ed.), The Grammar of Names. Oxford: Oxford University Press.

[2] Boullón Agrelo, A. I. (1999). Antroponimia Medieval Galega (ss. VIII XII). Tübingen: Max Niemeyer Verlag.

[3] Boullón Agrelo, A. I. (2018). A estrutura do "Dicionario dos apelidos galegos". In A. I. Boullón Agrelo (Ed.). Antroponimia e lexicografia (pp. 143-177). Santiago de Compostela: Consello da Cultura Galega.

[4] Boullón Agrelo, A. I. (2009). Sobre a estandarización da antroponimia: proposta para os apelidos. Boletín da Real Academia Galega, 370, 117-152.

[5] Cardoso, J. (1570). Dictionarium latinolvsitanicum e vicever∫a Lu∫itanicuolatinü …. Conimbricae: Ioan Barrerius.

[6] Código do Registo Civil. Decreto nº 15:380. Diário do Governo, I Série, nº 87, 17 de abril de 1928. https://files.dre.pt/gratuitos/1s/1928/04/08700.pdf

[7] Guérios, R. F. M. (1981). Dicionário etimológico de nomes e sobrenomes. 3. ed. rev. e aum. São Paulo: Ave Maria.

[8] Hanks, P.; & H. Parkin (2016). Family names. In C. Hough, & D. Izdebska (Eds.), The Oxford Handbook of Names and Naming (pp. 214-236). Oxford: Oxford University Press.

[9] Machado, J. P. (1984). Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa. 3 vols. Lisboa: Editorial Confluência.

[10] Mengo, F. da S. (1889). Dicionário de Nomes de Baptismo. Porto: Typographia Elzeviriana.

[11] Monteiro, N. G. (2008). Os nomes de família em Portugal: uma breve perspetiva histórica. Etnográfica, 12, 1, 45-58.

[12] Nós Portugueses, disponível em https://nosportugueses.pt/pt/apelidos/a. Acesso: 30 Julho 2023.

[13] Nuorluoto, T. (2017). Emphasising matrilineal ancestry in a patrilineal system: Maternal name preference in the Roman world. In M. Nowak, A Łajtar, & J. Urbanik (Eds.), Tell Me Who You Are: Labelling Status in the Graeco-Roman World (pp. 257-281). Warsaw: U schyłku Starozytnosci Studia Zródłoznawcze 16.

[14] Piel, J.-M. (1936-1945). Os nomes germânicos na toponimia galego-portugués. Lisboa. Centro de Estudos Filológicos. Vol. I, 1936. Vol. II, 1945.

[15] Piel, J.-M. (1948-1949). Sobre o sufixo -ellus, -ella, no onomástico tardio hispano-latino. Humanitas, II, 241-248.

[16] Piel, J.-M. (1989 [1960]). A antroponímia germânica na Península Ibérica. In J.-M. Piel Estudos de linguística histórica galego-portuguesa, (pp. 129-147). Lisboa: IN-CM.

[17] Rio-Torto, G. (1993). Formação de palavras em português. Aspetos da construção de avaliativos. Dissertação de Doutoramento. Universidade de Coimbra.

[18] Rio-Torto, G. (2008). Mudança genolexical: teoria e realidade. Linguística, 3, 1, 224-240.

[19] Rio-Torto, G. (Ed.) (2016). Gramática derivacional do português. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra.

[20] Rio-Torto, G. (2023). Renovação da antroponímia em Portugal. O que os dados dos séculos XX e XXI mostram. Estudos da Língua(gem), 21, 1, 62-82.

[21] Rodrigues, L. S. (2016). Neologismos antroponímicos com base na utilização de formativos germânicos no Brasil. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (UFBA), como requisito para obtenção do grau de Bacharela em Letras Vernáculas. Salvador.

[22] Ryskamp, G. (2012). The Intergenerational Transmission of Surnames in Spain and Latin America (1500–1900). Journal of Family History, 37, 4, 428-452.

[23] Salazar y Acha, J. (1991). Genesis y evolución histórica del apellido em España. Madrid: Ediciones de la Real Academia Matritense de Heráldica y Genealogía.

[24] Shiba, H. (1996). Evolución histórica del nombre civil en España. Una apoximación a su origen. Boletin de Nagoya Women's Júnior College of Commerce, 36, 209-238.

[25] Silvestre, J. P. (2021). A escolha do nome próprio: quadro legal e evolução da antroponímia contemporânea em Portugal. Études romanes de Brno, 42, 1, 217-231.

[26] Simões Neto, N. (2018). Os esquemas x-ari– em perspectiva histórica e construcionista: do latim clássico ao medieval. Estudos Linguísticos e Literários, 61, 49-69.

[27] Simões Neto, N. A.; & Soledade, J. (2018). Nomes em X-son na antroponímia brasileira. Uma abordagem morfológica, histórica e construcional. Revista de Estudos da Linguagem, 26, 3, 1295-1350.

[28] Soledade, J. (2012). A antroponímia no português arcaico: aportes sobre a sufixaçã o em nomes personativos. In T. Lobo et al. (Orgs.), Rosae: linguística histórica, história das línguas e outras histórias (pp. 323-336). Salvador: EDUFBA.

[29] Soledade, J. (2020). Recuperando a história do Léxico antroponímico brasileiro. Labor histórico, 6, 3, 465-483.

[30] Staaff, E. (1896). Le suffixe -ARIUS dans les langues romanes. Thèse pour le Doctorat. Upsal: Almqvist & Wiksell.

[31] Vasconcellos, J. L. de (1928). Antroponímia portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional.