Sentir, pensar e dizer : a con(tra)dição humana em Alberto Caeiro

Název: Sentir, pensar e dizer : a con(tra)dição humana em Alberto Caeiro
Variantní název:
  • To feel, to think and to say : the human con(tra)di(c)tion in Alberto Caeiro
Autor: Yun, Liu
Zdrojový dokument: Études romanes de Brno. 2024, roč. 45, č. 2, s. 198-215
Rozsah
198-215
  • ISSN
    2336-4416 (online)
Type: Článek
Jazyk
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Abstrakt(y)
Não sem contradição, a poesia de Alberto Caeiro, de estética greco-pagã, que defende o mundo sensível como a única realidade e teima no emprego dos cinco sentidos como a única possibilidade de o conhecer, só pode ser mais bem compreendida quando lida a contraluz de uma mundividência cristã. A partir de uma leitura do mito cristão da Queda do Homem, o artigo analisa as contradições fundamentais do projeto poético de Caeiro, contestando, de modo categórico, a sua "ingenuidade bucólica". Através das reflexões sobre a autoconsciência humana e a naturalidade ou artificialidade do "(não) pensar", junto com um olhar à ontologia da linguagem, argumentamos que, segundo Caeiro, a condição humana é, essencialmente, uma contradição e que a apologia das "sensações", na sua poesia, não decorre de um hedonismo ingénuo, mas pode ser considerada uma via alternativa para resgatar o homem do mundo prosaico, restituindo-lhe a visão edénica.
Not without contradiction, the poetry of Alberto Caeiro, of Greco-Pagan aesthetics, which defends the sensitive world as the only reality and insists on the use of the five senses as the only possible way of acquiring knowledge, can only be better understood when read against the backdrop of a Christian worldview. Based on a reading of the Christian myth of the Fall of man, the article analyses the fundamental contradictions of Caeiro's poetic project, categorically contesting his "bucolic naivety". Through reflections on human self-consciousness and the naturalness or artificiality of "(not) to think", together with a look at the ontology of language, we argue that, according to Caeiro, the human condition is essentially a contradiction, and that the apology of the "sensations" in his poetry does not stem from a naïve hedonism, but can be considered an alternative way to rescue man from the prosaic world, restoring him to an Edenic vision.
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